02 outubro 2015

Anão

Meu pai media 1,70m, o que para uma criança de de uns doze anos, o tornava um gigante. Naquela tarde de sábado, depois de jogar muita bola, voltei depois do combinado. Lembro que estava na parte de trás da nossa casa, quando meu pai apareceu e começou a brigar comigo pelo atraso. Na inconsequência que acomete os mais jovens, virei pra ele e disse:
- Você só fala assim comigo por que é maior que eu!

Sei lá quem foi o gênio de quem eu peguei essa frase, que com certeza não era de minha autoria, mas sei e me lembro bem da resposta do meu velho, que de dedo em riste vociferou:
- Eu poderia ser um anão e você ter 1,80m, meu filho, mas você teria que me respeitar, sempre, porque eu sou o seu pai... 

Fiquei aterrorizado e esperei a palmada vinda daquela mão que eu conhecia bem. Pra minha surpresa não veio palmada nem qualquer castigo físico, comuns naquela época. Papai preferiu a conversa e deixou esta passagem marcada pra sempre na minha vida. Se tivesse vindo uma palmada, na certa eu teria esquecido desse momento.

09 agosto 2006

As Árvores lá de Casa, eu e Papai voamos.

Os abacateiros eram o mais impressionantes, enormes e frondosos. Na época dos frutos era tanta quantidade, que tinhamos abacates para alguns meses. Vitamina de abacate, abacate amassado com o garfo, abacate na salada, sorvete de abacate. Sobrava abacate lá em casa e até dávamos aos vizinhos.

Tinha uma goiabeira que não era muito grande. Dava poucos frutos, nunca soube o porquê. O melhor da goiabeira era seus galhos retorcidos. Pois minha irmã, Rita, na época do natal, escolhia um galho, pintava-o de cor prata e o transformava em uma árvore de natal. Ficava linda. A decoração da árvore era feita de algodão, para imitar a neve, e de bolas vermelhas, daquelas que ao cairem no chão se espatifavam e nos entristeciam. Hoje em dia as bolas quando caem no chão, em vez de quebrar, saem pulando para alegria dos meus filhos e meu espanto.

Os coqueiros eram dois, da espécie anão, segundo meu pai. Não entendia bem por que anão. Afinal quando me dei por "gente" eles eram enormes, ao contrário de anão. Aprendi cedo a escalar os coqueiros. Subia neles rapidamente, como se estivesse de cócoras, firmando bem os pés, sem ajuda de corda. Apenas com um camisa para amenizar o contato do meu peito com o caule, cheio de irregularidades e que me arranhavam bastante ao subir. Os mais verdes produziam água de coco em demasia. Os maduros nós os abríamos e comíamos, às vezes ralavámos e fazíamos cocada, era uma delícia.

Um dia plantamos um ingazeiro. Que fruto delicioso é o ingá. Parece uma vagem miúda e mais encorpada. Uma vizinha tinha uma árvore e foi lá que eu conheci o ingá. Dentro têm várias sementes envoltas em uma espécie de "algodão", branco, doce e incrivelmente gelado. Em poucos anos o nosso ingazeiro cresceu absurdamente e ficou maior do que o da vizinha. E como dava frutos, enchíamos baldes e baldes de ingá. Por ter ajudado a plantá-lo eu considerava o ingazeiro como meu, o meu pé de ingá, como era do Gum o seu pé de laranja lima, no livro de José Mauro Vasconcellos.

Papai, em uma ocasião, subiu no meu pé de ingá para podar alguns galhos que invadiam a casa do vizinho. Ele subiu rapidamente e atingiu o ponto da poda. Levava consigo uma cordinha, a qual eu, lá de baixo, amarrava um serrote e meu pai puxava, para podar a árvore. Neste dia, após efetuar seu trabalho, papai se preparava para descer. O tempo deu uma brusca virada e começou a ventar forte. Meu pai soltou o serrote lá de cima, para poder se segurar melhor. Eu, lá de baixo, olhava maravilhado o balanço que o vento fazia na árvore. Meu pai ia de um lado a outro ao sabor dos fortes ventos, como se estivesse voando. Eu fiquei fascinado com a cena. Ao descer comentei com ele:
- Pai, que legal você voando!
- Legal, meu filho? Eu fiquei com medo lá em cima, pensei que o galho fosse partir e eu cair...

Tempos depois eu passei por uma situação semelhante. Eu vivia no meu pé de ingá. Um dia, depois de ter ficado bastante tempo lá em cima, olhando os paraquedistas pularem dos aviões, no Campo dos Afonsos, começou a ventar forte. Agora era eu que ía de um lado para outro. Fiquei paralisado e me agarrei o máximo que eu pude no galho, para não cair. Eu estava voando também, como o meu pai. O vento aumentava e começei a ficar com medo, medo de cair e me arrebentar lá embaixo. Finalmente consegui descer e senti o mesmo que meu pai sentiu lá em cima. Mas estranhamente eu estava feliz, muito feliz. Durante breves momentos eu tinha voado... igual ao meu pai.


31 julho 2006

Drummond, na hora certa.

Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

20 julho 2006

Horror no Oriente Médio

Tá cada vez mais difícil explicar aos meus filhos, o horror que aconteçe no Líbano e em Israel. As cenas mostradas na televisão, cada vez mais fortes, mostram uma destruição em escala progressiva. Eles já sabem que o que verão hoje, será mais forte do que o visto ontem.

Ainda escuto do meu filho que "Ainda bem que no Brasil não tem guerra, né, pai?" Eu respondo, aqui nossa guerra é outra, filho...

A intolerânia dos dois países leva esse absurdo a um número, cada vez maior, de vítimas fatais, em sua grande maioria civis que nada tem a ver com a guerra.

Talvez, quero acreditar, as cenas que nos chegam de lá, com uma velocidade alucinante, possam servir para diminuir o horror, ninguém tem mais estrutura para ver aquela devastação diária. Talvez...

Tenho 2 amigas, uma judia e outra árabe, elas se adoram e sabem que uma é a melhor amiga da outra. Saem juntas, fazem programas comuns e vão, constantemente, ao árabe Amir, no Lido. E adoram.


Que reinado, nada, Dona Nadir!

- Deixa de ser bobo, Miguel, se nascer um menino você perde o seu reinado, se vier uma menina você continua reinando.Dona Nadir, minha vizinha, referia-se à gravidez, temporã, da minha mãe, já perto do seu final. Ela não entendia por que eu queria um irmão. Tudo bem, eu brincava e me divertia muito com minhas 4 irmãs. Mas se havia alguém que reinasse lá em casa, eram elas, as mulheres. Dentre as 7 pessoas que lá viviam, 5 eram mulheres -minhas irmãs e minha vó Maria, e 2 homens -eu e meu pai. Eu queria um irmão para jogar bola, bolinha de gude e soltar pipa, coisas que minhas irmãs nem sempre faziam comigo. Meu pai trabalhava o dia todo, o tempo livre que ele tinha, era dedicado um pouquinho a cada um de nós e à sua oficina eletrônica, nos fundos de casa, onde ele criava seus aparelhos de som, transistorizados, um avanço para uma época ainda acostumada com as válvulas.

Fiquei feliz quando meu irmão nasceu, era tudo o que eu queria. Mesmo com a diferença de idade éramos muito unidos. Tempos depois nos separamos um pouco. Hoje, apesar da distância e de nossas vidas distintas, continuamos unidos. Na verdade sabemos que se houver algum motivo, estaremos presentes um para o outro.

- Ô Dona Nadir, que reinado nada. O que eu queria mesmo era um irmão!

18 julho 2006

A Capa de Chuva do meu Pai

Salvador Nunes de Freitas, esse é o nome do meu pai. Difícil falar sobre ele no passado. Ele foi e sempre será, pra mim, uma pessoa especial, eternamente presente. Sempre nos passou o seu melhor, em todos os aspectos, seja dentro ou fora de casa. Tenho inúmeras lembranças boas dele e poucas não tão boas, como uma ou outra palmada que ele dava -que mão pesada papai tinha, eu me trancava no banheiro, abaixava o short (na época era short) e olhava incrédulo a marca de sua mão, inteira na minha bunda, nossa... como doía... Pena a vida o ter levado tão cedo. Sobre isso falarei em outra ocasião. Agora o assunto é a sua capa de chuva.

Papai não gostava de guarda-chuva, nunca soube o porquê. Nunca o vi utilizar um. Em compensação ele tinha algumas capas de chuva, com direito a pequenos chapéus. Ambos eram em nylon e ele ficava como um artista, ao entrar em nossa casa com sua capa -parecida com um sobretudo-, chapéu e galochas.

É claro que eu fiquei com sua capa de chuva. Eu a usava sempre. Naquela tarde, indo pra escola -que se chamava Serafim Silva Neto, na Praia Vermelha- chovia muito e lá ia eu com a capa de chuva do meu pai, me sentindo poderoso.

Ao final da aula era comum irmos até uma praça, perto da escola, conhecida até hoje como "Quadrado da Praia Vermelha". Ali conversávamos, espiávamos os barcos ancorados ao lado do Iate Club e dávamos os primeiros beijos. Como tinha parado de chover, dobrei cuidadosamente a capa de chuva, guardei-a no porta-capas e a deixei ao meu lado, na mureta do quadrado. E toma conversa.

Já estava escurecendo quando decidi ir pra casa. Peguei meu material e fui embora andando, morava pertinho. Ao chegar em casa senti falta de algo e vi que tinha esquecido minha capa, a capa que era do meu pai e que agora era minha, em cima da mureta. Voltei correndo e, claro, não a encontrei. Ainda havia alguns alunos conversando, dentre eles um com quem eu havia discutido por alguma bobagem. Perguntei se eles tinham visto a capa, ninguém viu nada, exceto o que eu havia discutido, que afirmou ter visto uma pessoa passar e levá-la. Fiquei mal, ele sabia que a capa era minha e foi incapaz de falar com a pessoa.

Naquela hora me lembro ter falado, com uma vontade imensa de chorar "Pô, a capa tinha sido do meu pai..." Tive vontade de voar em cima dele mas não o fiz, não adiantaria nada. Só consegui virar as costas e retornei pra casa... arrasado.

17 julho 2006

Óleo de Rícino

Algum de vocês já tomou óleo de rícino, sabem pra que serve? Pois é, eu e minhas irmãs, quando éramos crianças, tomamos óleo de rícino -contra a vontade, claro- e detestamos.

Em frente à nossa casa existiam vários campos de futebol. Uns viraram mato e outros foram preservados. Em um desses terrenos que ficaram abandonados, uma construtora decidiu erguer diversos prédios residenciais. Me lembro até hoje "Neste local serão construídos 1584 apartamentos para ase seguintes cooperativas: X, Y, Z". A publicidade já me fascinava. Antes da construção dos apartamentos, uma imensa e barulhenta escavadeira abriu diversas crateras, acredito que para verificar a qualidade do terreno.

No dia seguinte as crateras amanheceram cheias de água, fazendo a festa da garotada que ia se banhar nas piscinas naturais. Eu e minhas irmãs também fomos e nos fartamos uma tarde inteira.

Felizes da vida contamos a aventura pro nosso pai, tão logo ele chegou do trabalho. O resultado foi terrível. Depois de uma bronca imensa, ficamos em fila indiana e fomos ao encontro da terrível garrafinha de óleo de rícino, que papai tinha não sei pra quê, só sei que na época o óleo maldito era bastante utilizado como vermífugo e contra prisão de ventre.

O sabor é o pior possível. Graças a Deus o gosto dessa bebida que nós bebemos desapareceu. Da minha boca acredito ter esquecido o gosto uns 6 anos depois...

Eu e minhas irmãs nos divertíamos muito. Brincávamos muito, hoje nos damos conta disso.

12 julho 2006

Toque de Recolher

Outra madrugada de terror, estou falando de São Paulo, não do Iraque ou da faixa de Gaza. A vida, lá como cá, tornou-se mais que banal. Mata-se pelo fato de que é humano ou seja, se está se mexendo e ousou ir para as ruas, merece morrer ou quase isso.


La France, encore une fois...
















Não deu nem pra ficar triste. Triste fiquei em 82 por ter visto uma geração de grande jogadores se despedir da copa, antes da decisão. Atônito fique em 98 ao ver o Brasil no jogo final. Mas sábado, sábado não deu nem para torcer. Assistimos inertes ao show de Zidane, um grande.

Mon Dieu, plus 4 ans avec le sourire de superiorité des les bleus...

Nevoeiro











Dia desses, ao chegar ao centro, me deparei com um intenso nevoeiro cobrindo a cidade. Do alto do prédio onde trabalho eu não podia ver a ponte Rio-Niterói e mal enxergava o convento de Santo Antônio, que fica a cerca de 300 metros de distância.

Me lembrei da minha infância quando acordava cedo para comprar pão e leite.
Todos os dias eu comprava 4 bisnagas e 4 litros de leite. Bisnaga era um pão grande, que dividíamos ao meio e cada um de nós comia uma metade. O leite vinha em pesadas garrafas de vidro -dificultando a volta da padaria, e eram da marca Vigor, que meu pai preferia, não sei por que, à marca CCPL.

Nesses dias de inverno ao sair de casa a neblina era intensa e muito próxima, era possível enxergá-la a 1 metro de distância e ficar no meio dela. Às vezes eu me confundia e achava que não iríamos ter sol, de tão forte que era a neblina.

Eram cenas inesquecíveis, o gramado de casa bastante molhado, devido ao orvalho noturno, o frio que fazia o queixo tremer e a neblina se movendo rapidamente para dar lugar ao sol.


Saudades saudáveis.


Fotos que perdi

- 4 garis, mulheres, deitadas na grama na mesma posição, uma ao lado da outra, na praça Mahatma Ghandi.
- Os peixes-voadores, apostando corrida com a proa do navio Lloyd Atlântico, no percurso para Hamburgo.
- Carlos Drummond de Andrade andando tranqüilo entre Copacabana e Ipanema.
- Um passarinho miúdo atacando ferozmente um gavião, na estrada.
- A lua cheia, imensa, amarelada surgindo nas águas de Copacabana. (Essa eu ainda vou fazer)
- O chalé em Ipanema, antes de virar sorveteria,
com um galo em seu ponto mais alto, quando era simplesmente a casa mais simpática daquela região.


Aula de Teoria da Comunicação - O sapato

Aula aos sábados e pela manhã é um suplício. Naquele dia, Victor Giudice, o professor compenetrado, falava sobre aspectos da comunicação. Ao perceber que metade da turma dormia e a outra metade pensava no que fazer à noite, pigarreou algumas vezes. Todos se mexeram e prestaram atenção.

- Uma vez ao passar em frente a uma sapataria fiquei encantado com um par de sapatos. Entrei na loja e pedi ao vendedor para experimentá-los. Eram de couro, macios demais, exatamente o que eu estava procurando. Devolvi os sapatos ao vendedor e pedi que os colocasse em uma sacola, já que eu iria levá-los. Paguei e quando o rapaz me deu a sacola eu a abri, retirei um dos sapatos, deixei em cima do balcão e me dirigi para a saída.

Nessa hora
toda a turma estava compenetrada, ouvindo a história do Victor Giudice, que continuou.

- O vendedor, estupefato, falou "senhor, o senhor não vai levar o sapato que ficou no balcão?" Calmamente respondi-lhe que não, que eu só iria levar um dos sapatos. Para seu espanto fiz meia-volta e fui embora.

Ante o olhar incrédulo da turma, que não entendia o porquê, Victor Giudice finalizou:

- Amigos, pagar a faculdade, com a dificuldade que conhecemos, todos os meses e não assistir as aulas, é como comprar um par de sapatos e só levar um pé deles, não tem diferença.

Com a mão fechada, em forma de concha, levou-a à boca e arrematou:

- É flórida...

Meus Filhos

Uma das coisas que me irrita é alguém comentar, de forma sarcástica ao saber que tenho 3 filhos, que eu sou um "herói", corajoso...Tenho vontade de responder que herói é o... Reconheço que o aspecto financeiro, que pauta hoje em dia a quantidade de filhos que as pessoas terão, realmente em nada contribui para o "aumento da população".

Lá em casa éramos 6 filhos, minha mãe teve 11 irmãos
e todos, apesar da disputa, eram muito felizes. Eu, com os meus 3 filhos maravilhosos, Júlio César, Dominique e Chiara, me considero um abençoado.

Parei de Fumar

Já o fiz há 26 anos. Tinha 23, na época. Ia a todas as festas, dormia 2 a 3 horas por noite e nos finais de semana enchia a cara no Jangadeiros. Eram, no mínimo, 20 chopps por noite e 1 maço de Hollywood. Tinha que parar com um dos excessos, escolhi o cigarro. Acho que acertei na escolha.

Salve Vinícius de Moraes




Hoje me veio a cabeça um lindo poema do Vinícius, de uma antologia que me foi dada em 1986 pelo meu grande amigo Maurice Pipi.




Dialética


É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...



Sabedoria Paterna Universal - 29/06/2006

"Prier de ne pas remonter", dizia o bilhete deixado por Raymond para o seu filho, arrasado com o término do namoro.

Manias na Copa do Mundo - 12/06/2006

Todos têm manias em copa do mundo. Uns não mudam a camisa, outros assistem sempre no mesmo lugar do sofá, na mesma casa, no bar etc. Na minha primeira copa do mundo ao vivo, em 1970, eu não tinha nenhuma mania. Lembro que vi os jogos em locais distintos, com roupas distintas e o que se sabe foi o show de bola da seleção. Comprei 2 folhas de papel seda, verde e amarela -usados para confeccionar pipas- e fiz a minha primeira bandeira, que cansei de correr em volta da minha casa a cada gol do Brasil. Ao final da copa ela já estava bastante amassada devido ao crescente e feliz uso.

Pulo para copa de 2002, já que nas seguintes a de 70 eu já tinha várias manias, que de nada adiantaram. Foi insucesso atrás de insucesso até a copa de 94, um pouco sem graça, com 0x0 no placar da decisão e decidida nos pênaltis mas com zhow de Romário e Bebeto, que foi o que valeu. Em 2002 eu joguei fora quase todas as manias. Fiquei apenas com o ficar de pé na hora do hino nacional e colocar a mão direita em cima do coração.

Fiz minha mania em todos os jogos iniciais até as oitavas. Por vezes era difícil devido aos horários do jogos, na madrugada. Enfim chega as quartas de final. Brasil e Inglaterra, jogo às 3h15 da manhã. Me preparei para o jogo e não consegui acordar na hora, só despertando com o barulho dos fogos. Levantei tonto e corri pra televisão. Os times já estavam em campo e o juiz iria apitar o início do jogo. Fiquei desesperado, afinal não tinha escutado o hino nacional e nem colocado a mão no coração. Pra piorar o Lúcio fez uma bobagem e o Owen marcou 1x0 para os ingleses. Maldisse o meu sono e me xinguei por não ter acordado na hora. Pouco depois Rivaldo, após genial jogada do Ronaldinho Gaúcho empata. Fiquei mais tranqüilo. Veio o segundo tempo, o gol espírita do Ronaldinho Gaúcho, sua expulsão e para alívio de todos a vitória do Brasil, aparentemente sem a minha mania.

O que ninguém sabe nessa história, é que eu tinha gravado o jogo. No intervalo do primeiro para o segundo tempo interrompi a gravação, voltei a fita e escutei o hino nacional com mão no peito e o escambau. Deu no que deu.

Violencia Urbana - 16/05/2006

Mais uma vez o atrevimento dos bandidos fica evidente. Desta vez São Paulo está no olho do furacão. Causa imenso espanto o despreparo da segurança pública brasileira. Já faz muito tempo escutei que se um dia os bandidos fossem organizados e decidissem aterrorizar, seria um Deus nos acuda. O problema é que eles já estão organizados e não é de hoje. Com a nossa legislação penal frouxa e com penas para crimes hediondos cada vez mais sujeitas a recursos, fica evidente que os bandidos não temem o confronto. Eles sabem que se forem condenados às penas máximas, será fácil sair da cadeia após o cumprimento de 1/6 da pena.
Para piorar ontem ouvi de um juiz, que a legislação penal do Brasil é uma das mais brandas do mundo, isso mesmo, do mundo. Tá explicado!

Queria ver se os bandidos, condenados por crime hediondo a 60 anos, e tendo que cumprir um mínimo de 40 anos de cadeia, antes de terem qualquer recurso julgado, não pensariam 300 vezes antes de aventurarem-se no submundo do crime.

Penas mais duras, aliada a um investimento em educação de base -pré-escola, ensino fundamental e técnico- acredito, seriam um caminho para evitar o horror que a população brasileira enfrenta no seu dia-a-dia.

Desafio

Ter assuntos interessantes para escrever aqui, é o que eu quero agora. Espero conseguir. Vamos lá!