20 julho 2006

Que reinado, nada, Dona Nadir!

- Deixa de ser bobo, Miguel, se nascer um menino você perde o seu reinado, se vier uma menina você continua reinando.Dona Nadir, minha vizinha, referia-se à gravidez, temporã, da minha mãe, já perto do seu final. Ela não entendia por que eu queria um irmão. Tudo bem, eu brincava e me divertia muito com minhas 4 irmãs. Mas se havia alguém que reinasse lá em casa, eram elas, as mulheres. Dentre as 7 pessoas que lá viviam, 5 eram mulheres -minhas irmãs e minha vó Maria, e 2 homens -eu e meu pai. Eu queria um irmão para jogar bola, bolinha de gude e soltar pipa, coisas que minhas irmãs nem sempre faziam comigo. Meu pai trabalhava o dia todo, o tempo livre que ele tinha, era dedicado um pouquinho a cada um de nós e à sua oficina eletrônica, nos fundos de casa, onde ele criava seus aparelhos de som, transistorizados, um avanço para uma época ainda acostumada com as válvulas.

Fiquei feliz quando meu irmão nasceu, era tudo o que eu queria. Mesmo com a diferença de idade éramos muito unidos. Tempos depois nos separamos um pouco. Hoje, apesar da distância e de nossas vidas distintas, continuamos unidos. Na verdade sabemos que se houver algum motivo, estaremos presentes um para o outro.

- Ô Dona Nadir, que reinado nada. O que eu queria mesmo era um irmão!

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