Aula aos sábados e pela manhã é um suplício. Naquele dia, Victor Giudice, o professor compenetrado, falava sobre aspectos da comunicação. Ao perceber que metade da turma dormia e a outra metade pensava no que fazer à noite, pigarreou algumas vezes. Todos se mexeram e prestaram atenção.
- Uma vez ao passar em frente a uma sapataria fiquei encantado com um par de sapatos. Entrei na loja e pedi ao vendedor para experimentá-los. Eram de couro, macios demais, exatamente o que eu estava procurando. Devolvi os sapatos ao vendedor e pedi que os colocasse em uma sacola, já que eu iria levá-los. Paguei e quando o rapaz me deu a sacola eu a abri, retirei um dos sapatos, deixei em cima do balcão e me dirigi para a saída.
Nessa hora toda a turma estava compenetrada, ouvindo a história do Victor Giudice, que continuou.
- O vendedor, estupefato, falou "senhor, o senhor não vai levar o sapato que ficou no balcão?" Calmamente respondi-lhe que não, que eu só iria levar um dos sapatos. Para seu espanto fiz meia-volta e fui embora.
Ante o olhar incrédulo da turma, que não entendia o porquê, Victor Giudice finalizou:
- Amigos, pagar a faculdade, com a dificuldade que conhecemos, todos os meses e não assistir as aulas, é como comprar um par de sapatos e só levar um pé deles, não tem diferença.
Com a mão fechada, em forma de concha, levou-a à boca e arrematou:
- É flórida...
Um comentário:
Miguel, li o texto pros meus alunos do supletivo, adoraram.Vc escreve bem, cara!
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